Sobre as obras da UEPB
É proibido comer grama
Wander Piroli, jornalista e escritor,
recém-falecido. Seus contos são narrações ao estilo jornalístico,
a lembrar aqueles tablóides ensanguentados vendidos a poucos
centavos nos semáforos. A lembrar a pressa de um Hemingway,
e a tragicidade de um Nelson Rodrigues. Uma escrita sem frescuras,
apresentando o fato desnudo, que devemos engolir cru e à seco.
O Leitor se angustia justamente pela arte não 'artística', pelo frio
tiquetaquear das teclas de uma velha Remington.
"Os contos deste livro são formas de protesto quanto a desestrutura familiar,
a modernidade que transforma o homem em um ser mais impulsivo com atitudes intolerantes,
onde o ter é mais importante que o ser,não havendo espaço para valores morais, mostrando indivíduos com valores deturpados quando é o caso de um irmão que mata o outro por causa de um sapato,ou quando os pais não aceitam que suas filhas iniciem a vida sexual precocemente,gerando mais violência e menos dialogo o que acontece a cada dia mais cedo.
Os contos desta obra mostram a realidade de uma época em que ao ligarmos a TV nos deparamos com violência,intolerância e o ser humano parece incapaz de refletir sobre o rumo que a vida está tomando,a impunidade faz com que o homem de bem torne-se um criminoso e para se proteger tenha que matar ou até roubar e descaradamente os governantes nada resolvem sobre educação que está sucateada,mas investe abertamente em seus salários que já são imensos enquanto quem trabalha de verdade para erguer a pátria ganha um salario minimo para saúde educação,em fim para sobreviver.a injustiça e o caos se instala na sociedade de modo que não ha outra forma da sociedade viver a não ser da maneira que mostra o autor deste livro.ou seja; "cada um por si e Deus por todos."(Maria da Penha)
Nos contos de “É proibido
comer a grama”, temos as faces
da miséria humana. Tema muito destilado em Dostoiévski (para
ficarmos no clássico), onde a miséria é fértil em gerar outras
misérias, onde penúrias geram indignidades, que geram crimes.
Mas ao contrário do escritor russo (a tecer digressões, afundando
as personagens na lama, pouco a pouco, em redemoinhos de
filosofia e psicologia), o autor mineiro se satisfaz em apresentar
o fato em manchete, o fato jornalístico, a violência que já é banal.
A morte descrita com precisão de médico-legista. (Até quando
é apenas sugerida, a morte – ou a violência que a antecede –
está assustadoramente presente, nas entrelinhas)
São narrativas curtas, centradas em poucas personagens, dramas
banais, porém demasiado humanos. Com as exceções de quatro
contos longos, o do Professor Thales, o do taxista Fernandes (e o
defunto), o do homem sério que se envolve com uma prostituta,
e do Coronel Rosendo, que lembra um pouco a 'ambiência' de
“O Coronel e
o Lobisomem”, de José Cândido de Carvalho
(que em se tratando de romance tem outra linguagem, enredo, etc),
os textos ferem nossa sensibilidade de 'beleza' e 'harmonia',
nossas crença na 'bondade humana', no 'homem cordial' e
no 'pacato cidadão'.
Com o predomínio da 3a pessoa, um narrador muito direto, pouco
espaço deixando aos devaneios das personagens (mais
característicos na escrita da Clarice Lispector), onde a Miséria
(quase corporificada! ) é personagem coadjuvante (e quase
protagonista! ) em todos. Aqui encontramos relatos de assaltos,
estupros, antipatias e assassinatos, acidentes, brigas em bar,
adultérios e tragédias consequentes. Tudo aquilo para golpear
o Leitor acostumado a leitura de tablóides de 25 centavos.
Então qual o diferencial: justamente esta Ironia com a Escrita!
Sem idealizar, sem emoldurar, sem divagar, sem 'encher lingüiça',
o Autor continua a empurrar os vomitórios goelas adentro; a
arrastar uma enxurrada de detritos desumanizados, os mesmos
que enchem as nossas ruas e praças. Culpa das vítimas? Não,
mas de um sistema que precisa reproduzir a miséria para garantir
o lucro de uns poucos privilegiados! Onde uns se entopem de
comidas sofisticadas e outros sentam no meio-fio para devorarem um
marmitex frio.
A miséria não dá tréguas. Assim notamos na literatura de Graciliano
Ramos ("Vidas
Secas" é o relato trágico onde o humano se animaliza),
de Nelson Rodrigues ("Beijo no
Asfalto" é a tragicomédia da alienação
urbana), de Rubem Fonseca ("Agosto" mostra o histórico e o trágico
lado a lado), onde a Escrita apresenta sem floreios a vida nua e crua
dos seres explorados e vitimados, dos 'humilhados e ofendidos'
(novamente Dostoiévski), para nossa edificação e catarse. Para
vomitarmos e escarrarmos na miséria do próximo – e no dia seguinte
pensarmos: antes ele(a)s do que Eu??
Quando as personagens individualizam problemas que são coletivos
(a miséria passa a ser culpa da vítima!) percebemos o grau de
alienação política (e existencial) que afetam nossos cidadãos
despolitizados, explorados pelas ânsias de lucro burro, dopados pelos
programas televisivos, com suas caixas cranianas agitadas pelo
tremor dos ônibus suburbanos. Assistimos aos dramas alheios
como filmes de Hollywood, distantes e plenos de efeitos especiais –
um espetáculo – e nada mais. O mendigo ali na esquina é um bom ator,
e nada mais. O senador corrupto também interpreta uma personagem:
a de senador honesto. Assim somo todos bons 'atores sociais'
(quem quiser pode ler Durkheim, Weber, Benjamin, Touraine
e Peter Berger)
Transitando nos bordéis da Guaicurus, ou nas ruas escuras da
Lagoinha, ou nas avenidas centrais, assaltados e violentados,
perseguidos e aprisionados, somos iguais às personagens, sozinhas
e coisificadas em seus dramas, pequenas tragédias cotidianas, em
mal-entendidos que terminam em poças de sangue e gritos de horror.
Belo Horizonte, para Wander Piroli, é igual a uma 'selva de pedra',
com tigres e onças rasgando a carne macia das ovelhas, ou
rinocerontes turbinados esmagando formigas aleijadas.
É o “salve-se
quem puder!” da vida urbana.
Enquanto sobra por aí a dita 'literatura de auto-ajuda', a coletânea
de contos “É proibido
comer a grama” de Wander Piroli, é a
literatura de anti-ajuda, de des-ajuda.
Não vem adular ou encantar o Leitor ávido de
leitura fácil.
Não vem anestesiar o cidadão nem ignorar os dramas
sociais, não vem responder nem propor soluções. Vem desmascarar,
abrir as feridas, vomitar sobre os plebeus, ironizar os burgueses,
humilhar a dita Ordem que as autoridades, em vão, proclamam.
Ordem que somente poderá existir quando os cidadãos, plenamente
socializados, compartilharem suas riquezas, e quando, plenamente
politizados, assumirem o controle sobre as suas próprias vidas.
por Leonardo de Magalhaes
Ciço de Luzia
Foi lançado na noite desta quinta-feira (11), no Centro de Cultura Amaury de Carvalho em Patos, O livro lançado pela editora Latus, da Eduepb, intitulado Ciço de Luzia, segundo trabalho literário do Monteirense, radialista, profissional de marketing e escritor, Efigênio Moura, neto de Efigênio Teixeira Moura, poeta alagoano, de quem o mesmo herdou o gosto pela escrita.
O livro conta a estória da paixão de Ciço Romão por Luzia, numa ficção que se passa nos anos 70, ambientada no Cariri paraibano, especificamente em Monteiro, Zabelê e Camalau. Os diálogos são quase todos no ‘matutês’, reproduzindo uma característica de alguns nativos do Cariri e Sertão paraibano.
“Acho que temos que escrever aquilo que sentimos, e eu sinto alegria em escrever. Meus personagens são alegres, como alegre é Ciço, na sua aventura para conseguir o amor deLuzia. A estória acontece em 36 contos rápidos, como rápidos são os momentos felizes que passamos junto da pessoa amada. Por décadas que sejam, sempre serão rápidos”, relatou Efigênio.
A expectativa segundo o próprio autor, é que Ciço de Luzia alcance o mesmo sucesso de Eita Gota! (uma viagem paraibana), seu primeiro livro em menos de um ano teve duas edições esgotadas.
A obra em questão presa pela linguagem coloquial e até matuta porem rica enraizado de regionalismo,mostrando a ingenuidade do matuto,a sua forma de enfrentar a vida e os problemas,Ciço de Luzia é uma obra impar que pretende mostrar a riqueza de quem vive no campo e no interior do Nordeste,bem como os valores simples desprovidos dessa modernidade cheia de violencia e com valores deturpados pelas tecnologias e pela sociedade descolada que muitas vezes criticam o Nordeste não percebendo que o nordestino e o homem do campo tem valores morais e materiais muito importantes que toda a sociedade deve respeitar.
O livro conta a estória da paixão de Ciço Romão por Luzia, numa ficção que se passa nos anos 70, ambientada no Cariri paraibano, especificamente em Monteiro, Zabelê e Camalau. Os diálogos são quase todos no ‘matutês’, reproduzindo uma característica de alguns nativos do Cariri e Sertão paraibano.
“Acho que temos que escrever aquilo que sentimos, e eu sinto alegria em escrever. Meus personagens são alegres, como alegre é Ciço, na sua aventura para conseguir o amor deLuzia. A estória acontece em 36 contos rápidos, como rápidos são os momentos felizes que passamos junto da pessoa amada. Por décadas que sejam, sempre serão rápidos”, relatou Efigênio.
A expectativa segundo o próprio autor, é que Ciço de Luzia alcance o mesmo sucesso de Eita Gota! (uma viagem paraibana), seu primeiro livro em menos de um ano teve duas edições esgotadas.
A obra em questão presa pela linguagem coloquial e até matuta porem rica enraizado de regionalismo,mostrando a ingenuidade do matuto,a sua forma de enfrentar a vida e os problemas,Ciço de Luzia é uma obra impar que pretende mostrar a riqueza de quem vive no campo e no interior do Nordeste,bem como os valores simples desprovidos dessa modernidade cheia de violencia e com valores deturpados pelas tecnologias e pela sociedade descolada que muitas vezes criticam o Nordeste não percebendo que o nordestino e o homem do campo tem valores morais e materiais muito importantes que toda a sociedade deve respeitar.
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