Poema em homenagem ao nordestino
“A fome foi tão canina
Que, se mais saber tu queres,
No pombal duas mulheres
Comeram uma menina.
Também muito senti eu
Quando soube que um vizinho
Tinha comido um padrinho
De uma égua que mordeu
Mais sentiu foi quem morreu,
De fome no mato e nu,
Cavando raiz de umbu.
E olhem como não ficaram
Os filhos quando o acharam
Comido pelo urubu!
(...)
Os que para o brejo vão
Morrem de epidemia;
Sofrem fome todo dia
Os que ficam no Sertão.
Neste pego de aflição,
Vai o Sertão ficar vago!
À memória tudo em trago
Repassado de tristeza.
Ó Deus, que és pai da pobreza,
Dai-nos pão, dai-nos afago!”
(Nicando Nunes e Bernardo Nogueira p.22)
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